domingo, 2 de novembro de 2014

Domingos Sávio por Domingos Sávio

Nasci aos 5 de julho de 1961, em Barreiros, no sul da zona da mata pernambucana. Minha primeira infância, como filho caçula de uma grande e sólida família, foi vivida no campo, num antigo Engenho cujo nome atiça bastante o imaginário: Serra D’água. A firmeza de uma serra feita da insustentabilidade da água. Mata atlântica e cascatas faziam parte deste cenário.

Meu pai era um comerciante rural, o “barraqueiro”, uma espécie de classe média dentro do micro universo canavieiro. Faz parte de minhas histórias de menino, tanto a casa-grande do engenho como os “arruados” dos camponeses, muito embora, em termos culturais, tenham prevalecido os valores pequeno-burgueses da casa-grande.

O gosto pelas artes, sobretudo a pintura, revelou-se ainda na infância rural e foi incentivado pela família com presentes como, blocos de desenho, lápis de cores, aquarelas e corujices do tipo: Esse menino tem jeito pra desenhar… Ainda vai ser um grande artista! Meus desenhos de criança chamavam atenção pelo detalhamento das figuras.

Tornei-me frade franciscano em 1984, depois de uma curta experiência como desenhista publicitário em Recife. A partir da entrada na vida religiosa e em contato com a Teologia da Libertação, fiz da temática social uma constante no meu trabalho. Passei a ser um ilustrador de intuições e “gritos de guerra” para muitos Movimentos Populares, Pastorais e ONGs espalhados pelo Brasil. Alguns exemplos: CEHILA (Comissão de Estudos de História da Igreja na América Latina); CESEP (Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e à Educação Popular); CPT (Comissão Pastoral da Terra); Católicas pelo Direito de Decidir; Centro de desenvolvimento Agroecológico SABIÁ; MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), etc. São em geral, trabalhos de cunho pedagógico ou promocional.

Tenho formação universitária incompleta, tendo chegado quase ao final do Curso de Filosofia.

Visitei alguns países latino americanos, onde procurei conhecer a arte local, sobretudo no âmbito popular; México (1990 e ‘96 ); Perú (1994); Guatemala (1996).

Em termos técnico-artísticos, não possuo nenhuma formação acadêmica. Sou um autodidata e um observador atento do trabalho dos outros artistas, “mestres” ou não. Nesse sentido, carrego influências diversas e imprecisas. Faço de cada experiência, uma obra e de cada obra, uma experiência.

A minha própria história existencial me levou a pintar subordinando a forma aos conteúdos. Quero que meu trabalho suscite não apenas emoções intraduzíveis, mas, perguntas e inquietações acerca da condição humana – meu tema preferido – e que estimulem a ação transformadora.

Em 1990 participei da fundação do MARCA (Movimento de Artistas da Caminhada), reunindo artistas de várias partes do Brasil e de diversas áreas das artes. O MARCA caracteriza-se pelo seu engajamento sócio-político, numa perspectiva transformadora.




















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